quinta-feira, 26 de março de 2009

Efeito Borboleta

Aí você pára e pensa: será mesmo que gostaria de mudar alguma coisa? Tirar uma linha dessa história doida, doída, sentida, sem sentido? Será que se, realmente, você pudesse mudar alguns fatos, desfazer algumas coisas, você faria? Será que um simples ato que tivesse sido cometido de outra maneira, mudaria a ordem e a dor dos fatos de hoje?
Será que você trocaria tudo o que é por aquilo que gostaria de ser? Não, não é?

Quando a gente é pequeno, a gente teima em idealizar (mesmo que nem conheça essa palavra direito) a família perfeita. Você pega todos os defeitos da mãe, do pai, dos irmãos, dos tios e primos e simplesmente sonha que se você pudesse re-criar um novo cenário e enredo para a sua vida, você jogaria todos esses defeitos fora e viveria, por exemplo, numa casa onde todos torcem para o mesmo time, onde você pode tomar coca e comer chocolate o tempo que quiser, onde você possa não brigar com aquela sua prima que teima em usar o vestido igual ao seu na virada do ano novo e depois inventa que você falou mal dela e por aí vai. Você sonha com um lugar perfeito. Sem altos ou baixos, apenas uma trilha reta, sem voltas, curvas ou obstáculos.
Mas, no fundo, você sabe que isso é impossível. Então, você torce para que quando você crescer, você encontre algo perfeito. Que você aprenda a viver perfeitamente e que não repita os erros cometidos no passado.

Aí você cresce. Você vive tudo novo, de novo. E nada é aquilo que você sonha, nada é aquilo que você espera. É tudo muito mais. Muito mais intenso, muito mais sincero, muito mais real, muito mais bonito até, muito mais feio e podre também, muito mais tanta coisa que você já nem consegue entender.
Você estuda, dá o melhor de si para ser uma boa pessoa, começa a conhecer novas pessoas, viaja para lugares bonitos, vive intensamente cada dia.

Depois de muito tempo (ou nem tanto assim) você lembra de todos os sonhos que você tinha, de toda a família que você sempre idealizou e daquela que você realmente teve. Lembra que todos os momentos que passou com sua mãe são fantásticos e que quando você tiver uma filha quer dar o nome cheio de graça para ela e deseja que ela seja aquela que traga felicidade, assim como você foi a princesa que um dia nasceu e brilhou na vida de um casal apaixonado. Lembra que, juntamente com seu irmão chato, você construiu castelos de caixinhas de perfumes e cabanas e palácios de cobertas, edredons e afins. Lembra que com a irmã de cabelos cacheados lindos, você brincou de contar estrelas, você arrumou mil apetrechos para enfeitar as madeixas e por aí vai. Lembra que, depois de um tempão, Deus deu a oportunidade de vocês escolherem aquele que seria um mega-ultra-super irmãozinho do coração. Depois de todas essas memórias e outras tantas... Você vê que, com certeza, a família real e cheia de defeitos é bem melhor do que a ideal.

Quando você cresce o bastante para poder querer construir uma nova família (aquela que será ‘sua’, que você construirá junto com alguém que escolheu para amar). Junto com aquele menino bonito que você escolheu e deixou-se ser escolhida para amar, vem uma bagagem muito importante. Vem um sorriso bonito no cantinho da boca e mais diversas coisas bobas e sérias: palavras sussurradas ao pé do ouvido, conversas por horas na madrugada, declarações e confissões de tudo (ou quase tudo) que ele já foi e fez nessa vida, lembranças de um passado sentido. Ele conta para você todas as coisas verdadeiramente marcantes da vida dele.

Ele sempre foi o preferidinho da avó que preparava para ele miojo, hambúrguer, bolinho de chuva e arroz à grega. Ele lembra das saídas fantásticas que fazia com o pai pelas ruas da cidade de São Paulo e na voz dele, você percebe uma certa nostalgia, um clima de saudade daquilo que um dia ele foi e uma vontade enorme de constituir uma família bendida. Ele te conta que não parece quase nada com a mãe, pelo menos não fisicamente, mas que ele a admira com toda a força que tem e não entende o porquê de tanta coisa que aconteceu, mas o coração dele é bom e ele ama a mãe incondicionalmente e que ele quer ter um pouco da garra que ela tem um dia, aliás ele se acha bem parecido com ela nesse aspecto. Ele fala da irmã linda, com personalidade forte tanto quanto a dele, mas, ao mesmo tempo bem diferente dele, mas, ainda assim, muito especial e amada e mãe de duas crianças fantásticas. Um menino sapeca demais que, sim, precisa de uns puxõezinhos de orelha, vez em quando e quase sempre, mas dono de uma inteligência fantástica; uma menininha danada, moleca, levada da breca, com um nome forte, com lábios carnudos, com cabelos lisos e cachichos nas pontas, com sorriso gostoso e cheirinho delicioso.
Ele lembra, com uma emoção enorme, daquele dia na torre... A vez em que abraçou com tanta força e aliviou o choro daquela que é não é irmã de sangue dele, mas que ele considera muito chegada e quase como uma irmã por opção mesmo.
Ele conta as histórias com um quê de realismo fantástico do avô que já quase matou patrão com a peixeira e por aí vai...

Lembra e compartilha com você esses momentos vividos num quintal mágico e cheio de fantasias mas, ao mesmo tempo, muito sério e sincero, sentido e real... Um quintal que hoje já não mais abriga os sonhos e tantas coisas bonitas do passado, mas que ele ainda acredita que será um palco para as outras mil gerações. Você já se sente parte dele, literalmente. Ele conta para você os detalhes da trajetória confusa e complexa que seguiu até hoje e que, inevitavelmente, você começa a admirar e tentar entender, mesmo que seja muito, mas muito difícil. Mas aí você lembra que entender é muito pequeno e que não vale a pena perder o encanto de certas coisas, mesmo que isso pareça fantasioso demais.

terça-feira, 17 de março de 2009

O que será que será?

Um lado Amélie...



Para tocar...

Um certo Amor...



Tão Sentimental...



Fui?

Sou?

Serei?

PS: Entre links, suspiros, linhas e palavras... eu vou. E a falta de tempo e a sobra de falta nesses nossos dias, me faz perder um pouco a inspiração.

PSII: Enquanto eu vivo de lembrar quem fui, sou e serei. Meu amigo-irmão-padrinho Carlos, enfim, lembra o dom fantástico que Deus o deu e nos presenteia com um belo texto! Vai garoto... ;)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dos pequenos atos...

O sonho dela sempre foi ter o tal buldogue, aquele que ela daria o nome Rocco ou, se fosse uma 'menina', ela daria o nome de Nikita. Mas Rocco era mesmo o cachorro dos seus sonhos.
Por motivos simples e outros complicados, ela nunca pôde ter aquele sonho realizado, mas o seu garoto (aquele que vocês já conhecem, aquele dos olhos verdes lindos e presença constante nos sonhos, frases e embalos da garota) não a deixaria se decepcionar, ele nunca a deixava na mão. E por mais que ele não fosse lá o fã número um da idéia de ter o tal buldogue, ele daria um jeito de fazê-la sorrir.
E foi numa noite fria que ele fez uma surpresa para sua menina, dentro de uma sacola de papel no banco da frente, ele colocou um pequeno ser (daqueles que conseguem arrancar suspiros de quem o vê), lógico que, desastrada do jeito que era, a menina quase sentou em cima do pacote e não viu que lá dentro estava uma das coisas mais pequenas desse mundo. Lá estava o Billy, não, não era o sonhado buldogue, mas era o filhote que eles adotaram como filho, um lhasa com seus pêlos fofos e claros e que, eventualmente, os deixa loucos com a bagunça que faz.
Depois de um tempinho (que ela não sabe precisar quanto), numa outra noite fria, noite essa que o seu amor foi se perder entre coisas antigas e velhas que estavam amontoados no armário dele, ela recebe outra surpresa. Um bichinho de pelúcia lindo, mas não daqueles que são comprados às pressas na lojinha de esquina perto do shopping, sabe?
E sim um que cresceu com ele, que tinha o cheiro das coisas gostosas de infância, que tinha cheiro de infância feliz e sentida. Naquela noite, ele não só arrancou um sorriso e um suspiro de sua garota, mas arrancou um beijo, um 'muito obrigada', um abraço e deu para ela, de uma forma bem mais bonita que ela pensava, o tão sonhado Rocco.

***

"Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor"

***

PS: Sem muito tempo para atualizar. Sem muito tempo para palavras longas, infelizmente...
Por isso, resolvi tentar o tal twitter, lá posso voltar a escrever linhas curtas e poucas, mas muito, muito sinceras... talvez como os meus antigos posts curtos e direto, sintéticos e profundos, lembra Sr. André Martin?

terça-feira, 10 de março de 2009

Do amor incondicional



Ainda que não existisse mais nada nesse mundo, haveria o Amor. E mesmo se tudo existisse e por mais importante que esse 'tudo' fosse, de nada valeria se não existisse o Amor. E é nesse Amor que eu creio, é para esse Amor que eu vivo, foi esse Amor que me escolheu muito antes de eu o escolher. Um Amor puro. Bonito. Singelo. Um Amor que luta por mim. Que sorri para mim. Que pula de alegria porque eu existo, que dança comigo, que me ensina mesmo quando eu não quero, que me levanta do chão quando eu, pela milésima vez, erro e bato cabeça na parede. Esse Amor é tão profundo que nada nesse ou em qualquer outro mundo se compara. Nada é mais importante daquilo que o Amor sente por mim. E eu amo esse Amor. Eu quero. Anseio. Necessito. Sempre e sempre mais.
Esse Amor me acalma durante a tempestade, me alegra na dificuldade, me embala no colo como um pai amoroso e eu, filha teimosa e por vezes ingrata, tendo a achar que não mereço o Amor. Mas o Amor me lembra que eu existo porque Ele quer, que Ele me mantém aqui porque tem planos maiores e melhores para mim. E não adianta explicar o milagre do Amor. Porque, como dizem, 'milagre não se explica, se vive'. E eu vivo um milagre novo diariamente. Eu tenho esse Amor do meu lado para a eternidade. E eu sei que o Amor é de verdade.

"Deus é amor"
(I João 4:8)

Escrito no dia 16/05/2008

sábado, 7 de março de 2009

Simples assim... ou não?



***

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa...
(Lenine - "É o que me interessa")

***

há de se ter
um jeito
um meio
para
se criar
laços
bem dados
entre nós
entrelaçados...

***

PS: Outros olhares.
Lenine.
Palavras minhas:
soltas, sentidas, doidas, doídas.

terça-feira, 3 de março de 2009

Confissões - parte 3


De como nos conquistamos...

Eu, definitivamente, não queria me envolver. Nem com ele ou com qualquer outro alguém (pelo menos, não tão cedo). A história dele também não era lá das mais simples, afinal ele era muito intenso e emendava um relacionamento-tenso atrás do outro, ele tinha pressa, a pressa de quem quer amar e ser amado, mesmo que não dê certo. Minha história não era menos ou mais in-tensa que a dele, mas era tão bela e sentida-sincera quanto, nós éramos distintos, opostos, dispostos, tão-não iguais, não-tão diferentes e por aí vai, coisas da vida...

Eu era uma menina bobinha que nunca tinha namorado ninguém antes, mas não era por isso que eu não sabia o que era o amor, o que era olhar para alguém e sentir atração. Eu apenas não queria quebrar a cara, não naquela época, não com meu melhor amigo, não com ele. Mas as histórias dele me cativavam, o olhar bobo-belo e o par de esmeralda que ele tem como olhos me deixavam louca. Ele era mesmo um cara especial, cheio de segredos, cheio de charme (um quê irresistível de timidez misturado com sinceridade extrema: daquela que te faz tremer nas bases, verdade latente, pulsante e extrema, cara-a-cara, ou é ou não é).

Ele me conquistou lá. Lá naquela época. E eu o conquistei. O conquistei exatamente do jeito que sou. Somos um para o outro imperfeitos mesmo. Não queremos ser a princesa e o príncipe dos livros bonitos fantasiosos que existem... Queremos ser assim mesmo. Intensos, sinceros, duas crianças, dois adultos, duas pessoas que se amam, que se merecem e por aí vai.

Desde o primeiro encontro, muita coisa já mudou. Desde o primeiro beijo, tudo mudou. Eu não tenho mais medo de me entregar a ele, mas, admito, sinto borboletas no estômago sempre que ele chega depois de três dias de viagem em casa. Desde a primeira briga, muito aconteceu. Nós choramos, nós, discutimos, nós nos amamos, nos reconhecemos em meio a palavras ao pé do ouvido, nós nos entregamos de corpo, alma, unha e carne um ao outro. Desde a primeira noite juntos, desde o dia em que disse sim para ele, desde o dia em que nos entrelaçamos e nos amarramos definitivamente, tudo aconteceu. Hoje ele me conquista diariamente, não é um conto de fadas, sei disso. Não é o que pensei, não é o que sonhei... é mais, muito mais. Mais do que pedi, sonhei e almejei. Somos e estamos. E não basta... queremos e (nos) conquistaremos sempre mais.

***

E é sempre melhor o impreciso que embala do que o certo que basta, Porque o que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta, E nada que se pareça com isto devia ser o sentido da vida...
(Fernando Pessoa)

***

Na foto: Olhares. Ele bobo e eu babona, rs. No nosso dia, grande dia.